VOCÊ DESLIGA O CELULAR E FICA FELIZ?

Como a Internet é boa, não? É boa para pesquisar, ouvir, ler, descobrir e conviver. Neste calor absurdo, estou achando que vou me relacionar com o mundo através da telinha do meu computador para sempre. Claro que é um exagero, claro que quero sair e conversar ao vivo com meus amigos de sempre. Mas que dá vontade de ficar no ar condicionado, vendo o mundo quente lá fora, isto dá. Embora não seja exatamente fera com computadores, adoro as viagens que eles me proporcionam, principalmente, as infinitas possibilidades de conhecimento que eles me dão.

Andei lendo uma entrevista de um homem chamado Steve Wozniak, um engenheiro de computação, co-fundador da Apple Computers, agora a Apple Inc., junto com Steve Jobs. Foi pioneiro na iniciativa de colocar computadores disponíveis para o consumidor comum. Steve nasceu na Califórnia, se formou em Berkeley, está no quarto casamento e ficou fascinado pela eletrônica influenciado pelo pai, também engenheiro. Steve veio ao Brasil participar do último dia da Campus Party, encontro de jovens feras em computador, que aconteceu em São Paulo. E disse coisas muito fortes, tipo “num futuro não muito próximo,mas também não muito distante,se tornará bem difícil saber se você está lidando com um computador ou com uma pessoa de verdade”. Acredito mesmo que isto vai acontecer. Só não sei se é bom. Wozniak acha que sim. Ele acha que os computadores vão falar, entender e combinar palavras e acha também que farão o reconhecimento das palavras e vão até mesmo criar um tipo de relacionamento com as pessoas. Na verdade, o computador já ajuda nesse relacionamento social. Faz a gente se relacionar até mesmo com quem não gostaria de conhecer.

De novo, não sei se é bom para todos. Mas que é confortável saber que o Google está a um clique de você e pode ajudar a tirar dúvidas, a apresentar você a pessoas, lugares e fatos de todos os tempos, com certeza é. Principalmente para os tímídos ou solitários que falam com o mundo, fazem amizades com pessoas de toda parte e até se esquecem que são tímidos ou solitários. Claro que,em alguns casos, tem seu lado perverso, ou evidencia a perversidade de quem a tem, mas de modo geral, é um prazer e promove um grande avanço. E quem não se adequa ao computador e à Internet acaba ficando isolado, distante do mundo e, que ironia, das pessoas. É estranho, mas, hoje em dia, para e pensa: Você consegue desligar seu computador? E o celular? Por quanto tempo? E que tipo de vida tem nestes momentos? Fica tranquilo? Ou parece que falta alguma coisa na sua vida?

Leda Nagle, Jornal O Dia On Line, 11/02/2011